ALCÂNTARA - Um grupo de profissionais do Hospital Universitário, envolvendo nefrologistas, cardiologistas, nutricionistas, enfermeiros e bioquímicos, entre outros, estão realizando o maior levantamento sobre a saúde já feito com quilombolas no Maranhão. A pesquisa, iniciada em Alcântara, pretende acompanhar mais de mil quilombolas em relação à doenças como a diabetes, alterações de pressão, doenças renais e índices de nutrição, além de outras alterações que podem resultar desse primeiro levantamento, por um período de dez anos, nos casos em que forem constatados riscos para a saúde da família, e consequentemente, da comunidade.
A pesquisa, parte de um projeto maior aprovado pelo CNPq, é composto de várias etapas. Assim, nesse final de semana, os pesquisadores estão coletando material dos quilombolas para o início do acompanhamento, mas isso só foi possível depois do aceite das comunidades, como explicou o coordenador principal da pesquisa, Natalino Salgado Filho. “Nós só estamos indo agora para Alcântara porque tivemos que antes fazer um trabalho pedagógico junto às comunidades, explicando a cada uma os objetivos da pesquisa e as formas de acompanhamento de cada área da saúde”, disse. O professor explicou que a intenção da pesquisa é trabalhar com populações acima de 18 anos, cujos hábitos de alimentação e de comportamento podem ajudar a prevenir as doenças que serão acompanhadas.
Minoria e Carência
Há mais de 10 anos que o grupo de pesquisadores vinha alimentando a ideia de trabalhar com grupos que são categorizados como minorias como os índios, negros e quilombolas. E, isto porque, normalmente, por serem consideradas populações carentes, estes grupos não têm acesso à saúde e, por consequência, possuem mais probabilidades de desenvolver as doenças citadas. “A escolha recaiu sobre os quilombolas porque 90 por cento deles são considerados quase-puros, ou seja, com um nível de mestiçagem baixo”, ressaltou Natalino Salgado para lembrar, logo depois, que esse acompanhamento vai melhorar não somente o nível de qualidade de vida dessas populações, mas vai estimular políticas de saúde pública diferenciadas para as minorias étnicas.
Nesta pesquisa, a universidade Federal do Maranhão não está só. Para além do professor Natalino Salgado, o projeto também está sendo realizado em parceria com a Universidade Federal de São Paulo, cujo coordenador é o professor Ricardo Sesso. Deste modo, a pesquisa deverá resultar em quatro teses de doutorado; cinco dissertações de mestrado, além de três bolsistas do CNPq que estão trabalhando na coleta de material nas várias comunidades visitadas.
Fonte: UFMA Campus Bacanga
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